(ENEM PPL - 2019)
Menino de cidade — Papai, você deixa eu ter um cachorro no meu sítio? — Deixo. — E um porquinhoda-índia? E ariranha? E macaco e quatro cabritos? E duzentos e vinte pombas? E um boi? E vaca? E rinoceronte? — Rinoceronte não pode. — Tá bem, mas cavalo pode, não pode? O sítio é apenas um terreno no estado do Rio sem maiores perspectivas imediatas. Mas o garoto precisa acreditar no sítio como outras pessoas precisam acreditar no céu. O céu dele é exatamente o da festa folclórica, a bicharada toda e ele, que nasceu no Rio e vive nesta cidade sem animais.
CAMPOS, P. M. Balé do pato e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1988.
Nessa crônica, a repetição de estruturas sintáticas, além de fazer o texto progredir, ainda contribui para a construção de seu sentido,
demarcando o diálogo desenvolvido entre o pai e o menino criado na cidade.
opondo a cidade sem animais a um sítio habitado por várias espécies diferentes.
revelando a ansiedade do menino em relação aos bichos que poderia ter em seu sítio.
pondo em foco os animais como temática central da história narrada nessa prosa ficcional.
indicando a falta de ânimo do pai, sem maiores perspectivas futuras em relação ao terreno.